Do dicionário: Substantivo feminino que quer dizer afastamento temporário de alguém do domicílio, dos lugares que frequenta, etc.
Das vozes da minha cabeça: a falta de algo ou alguém que outrora estava ali. Alguém que já esteve ali e se foi, um sentimento que veio e passou, um pensamento, uma lembrança. A pior ausência é a ausência de si mesmo, ausentar-se do próprio ser. Perder-se de quem você realmente é ou de quem você gostaria ou desejaria ser, almejando ser alguém que os outros esperam que você seja, alguém que você deveria ser.
Ausentar-se de si mesmo é ignorar toda a sua essência, na tentativa ilusória e falha de caber nas expectativas de outras pessoas, tentamos caber em lugares tão pequenos que chega a doer. E quem julga a ausência quando se vive em um mundo de aparências, onde é difícil demonstrar o mínimo de autenticidade, o mínimo afeto, o mínimo de pensamento crítico, então a resposta é ausentar-se. Ausentamo-nos de nós mesmo para nossa própria proteção, deixamos de estar presentes, perde-se a vontade, perde-se o brilho, perde-se o sopro de vida e a confiança em nós mesmo.
Encontrar-se é um processo lindo, magnifico, mas também muito dolorido, porque dói olhar nos olhos da rejeição, dói ser apontado, dói ser diferente, dói não ser aceito.
Tudo que eu sinto agora é ausência, uma fuga pro lugar mais distante dentro de mim mesma. Tudo que eu sinto é ausência. Ausência de algo que se foi, e a pergunta que fica, será que algum dia essa algo retornará?
16 de abril de 2024
Angela Pradella
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