liberté

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domingo, 11 de agosto de 2019

Sobre castelos e casas.

As vezes absolutamente nada faz sentido.
Aprendemos coisas de um jeito, coisas de outro jeito.
Mas todos esses jeitos configuram uma maneira de ser que te coloca em um tipo de rótulo que acaba fazendo você se perder.
Se você pensa em fazer algo que está fora desse rótulo, você é imediatamente repreendido, diversas e diversas vezes, até que chega um momento que ninguém mais está apontando o dedo para você, quem está fazendo isso é você mesmo, devido a tanta repetição.
Se torna cada vez mais difícil sair dessa caixa.
Cada vez mais amedrontador abandonar os padrões já definidos.
O que era você se tornou uma reprodução falha daquilo que te disseram ser o "normal".
E chega um dia em que você se olha no espelho e não sabe mais se reconhecer. 
Todos os seus desejos, sonhos, vontades, foram sendo deixados cada vez mais de lado.
Você foi deixando o seu ser pelo caminho, em pequenos pedaços.
Percebe o quanto perdeu de si mesmo, e o quão difícil, ou mesmo impossível, é recolher todos esses cacos espalhados por tanto tempo pelo chão.
E então agora, só te restam as novas escolhas.
Uma desconstrução de um castelo de conceitos criados de fora pra dentro.
Para uma construção de uma casinha simples, com muitas portas e janelas, criada com os mais sinceros desejos, vontades sonhos, de dentro pra fora.
Uma casinha que tem todo o seu jeito, que convida a entrar, mas antes de entrar, exige a limpeza dos pés, exige a sinceridade, exige somente o melhor para si.
Eu estou construindo a minha pequena casinha aos poucos. 
Eu estou me deixando existir, exatamente do jeito que sou.
Exatamente do jeito que quero ser.
Estou me permitindo viver.

Angela Pradella
11 de agosto de 2019.

terça-feira, 28 de maio de 2019

O zero.

O que existe depois que a gente perde o controle?
Quando a gente descobre que todo o conceito de certo e errado que foi criado, talvez não sejam de fato o certo e o errado.
Quando nós olhamos para dentro de nós e começamos a nos perguntar se o que nós somos é de fato o que nós somos, ou produto de diversos e diversos acontecimentos que foram te moldando, te condicionando ao que você é hoje.
Existe uma resposta certa?
Como faz para encontrar o verdadeiro que está dentro de nós mesmo.
Como faz para retomar o controle de algo que nunca esteve em seu controle na verdade.
Como gostar de algo que você não conhece?
Distinguir o que sempre esteve ali, do que foi plantado, planejado, do que foi aprendido.
Respostas, quais são as respostas certas? Ou essas respostas são todas baseadas em um acerto externo?
Quebrado, existe um momento em algo se quebra dentro da gente.
E nós temos que escolher, descobrir o que fazer....
E agora? Consertar? Reconstruir?
Começar do zero? Mas onde fica o zero?
O que é você, quem você é? Do que você gosta?
O que te faz feliz?

Angela Pradella
28 de maio de 2019

terça-feira, 16 de abril de 2019

O eterno procurar.

Ultimamente, sempre e novamente. 
Escrevo, apago, reescrevo. 
Crio diversos rascunhos. 
Intermináveis esboços.
Tentativas de mim.
Tentativas de me descobrir.
Redescobrir, reconhecer, reinventar.
Construir ou reconstruir. 
Começar do zero, ou recriar algo que já existe.
Achar algo perdido, ou algo que nunca foi encontrado.
As vezes eu me perco em mim.
Tantos devaneios, pensamentos.
O que sou, o que desejo.
O que eu quero, o que eu deveria querer.
Mergulho fundo no interior do meu ser.
Tentando me esconder, ou mesmo fugir. 
Ultimamente, sempre e novamente,
Sou esse ser em destruição, criação, recriação.
De algo incerto, algo perpetuo. 
Nesse vai e vem de indecisões e dúvidas.
Sou sobrevivente de mim mesma. 
A força encontrada no mais profundo desespero. 
Sou simplesmente o ser. 
Simplesmente sou.

Angela Pradella
16 de abril de 2019

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Sombras

Por muito tempo fui sombra.
Por muito tempo estive apenas observando o mundo.
Com medo de agir, medo de magoar, medo de desagradar.
Em muitas ocasiões me resguardei, me reprimi, me calei.
Por muito tempo segui os passos de alguém, com medo de errar, medo de estragar tudo, medo.
Tentei controlar meus sentimentos, pensamentos, emoções.
Minhas inseguranças, sempre ampliando meus medos.
Agi de acordo com o manual, com o que pediam, com o que me falavam.
Agia para o mundo, para todo mundo, menos para mim.
Então um dia eu parei, apenas parei, respirei, cansei.
Cansei de ser quem não sou, cansei de sobreviver.
Quero sentir tudo o que tenho pra sentir, que falar, quero me jogar.
Quero agir sem medo, demonstrar meus sentimentos.
Ser quem eu sou sem restrições ou repressões.
Sentir até o ultimo sentimento, do mais feliz ao mais triste.
Quero ser, quero viver.
Quero transbordar!

Angela Pradella
11 de janeiro de 2019.