Sigo fazendo origami com meu papel de trouxa.
Me importando com pessoas que no fim, demonstram que meus sentimentos e eu mesma sou descartável.
Vivendo em um mundo onde se importar, onde ser cuidadosa, carinhosa e intensa é sinônimo de flertar, ou "investir romanticamente" como me disseram outro dia.
É claro que quando a gente dá atenção pra alguém que julgamos ser amigo, é um investimento, um investimento de tempo, de amor.
Eu queria saber quando e onde as pessoas chegaram a conclusão que cuidar, demonstrar carinho, é sinônimo de querer casar.
Eu, sinceramente, com toda a minha intensidade, acho que nasci na época errada, época de relacionamento líquidos, época essa onde as pessoas acham que o mínimo é aceitável, tanto em relacionamentos amorosos quanto em relacionamentos românticos.
Uma época e um mundo onde é mais fácil machucar o outro com o distanciamento e o silêncio, do que abrir a boca pra falar o que está acontecendo.
A sinceridade, a lealdade e o carinho viraram itens de luxo mesmo.
A cada dia que passa eu me convenço mais de que a resposta pra tudo isso é me fechar, parar de conversar com as pessoas, parar de me importar. Ou pelo menos filtrar mais com quem me importo. Porque eu tenho amigos, que eu amo, que eu cuido, que eu digo que tenho saudade, que eu presenteio, e ainda bem, nenhum deles acha que eu estou tentando dar em cima de ninguém.
Eu não vou mais me desculpar por ser quem eu sou. Estou cansada de me moldar, tentar me adaptar, eu não tenho bola de cristal pra adivinhar.
Simplesmente vou tentar me apoderar da ideia de quem eu sou suficiente pra mim mesma.
E se a minha intensidade não te agrada, eu só lamento.
A porta vai estar sempre aberta, tanto pra entrar quanto pra sair, porém, talvez para voltar o caminho fique mais difícil, ou talvez, até impossível.
Angela Pradella
19 de setembro de 2024