liberté

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domingo, 11 de agosto de 2019

Sobre castelos e casas.

As vezes absolutamente nada faz sentido.
Aprendemos coisas de um jeito, coisas de outro jeito.
Mas todos esses jeitos configuram uma maneira de ser que te coloca em um tipo de rótulo que acaba fazendo você se perder.
Se você pensa em fazer algo que está fora desse rótulo, você é imediatamente repreendido, diversas e diversas vezes, até que chega um momento que ninguém mais está apontando o dedo para você, quem está fazendo isso é você mesmo, devido a tanta repetição.
Se torna cada vez mais difícil sair dessa caixa.
Cada vez mais amedrontador abandonar os padrões já definidos.
O que era você se tornou uma reprodução falha daquilo que te disseram ser o "normal".
E chega um dia em que você se olha no espelho e não sabe mais se reconhecer. 
Todos os seus desejos, sonhos, vontades, foram sendo deixados cada vez mais de lado.
Você foi deixando o seu ser pelo caminho, em pequenos pedaços.
Percebe o quanto perdeu de si mesmo, e o quão difícil, ou mesmo impossível, é recolher todos esses cacos espalhados por tanto tempo pelo chão.
E então agora, só te restam as novas escolhas.
Uma desconstrução de um castelo de conceitos criados de fora pra dentro.
Para uma construção de uma casinha simples, com muitas portas e janelas, criada com os mais sinceros desejos, vontades sonhos, de dentro pra fora.
Uma casinha que tem todo o seu jeito, que convida a entrar, mas antes de entrar, exige a limpeza dos pés, exige a sinceridade, exige somente o melhor para si.
Eu estou construindo a minha pequena casinha aos poucos. 
Eu estou me deixando existir, exatamente do jeito que sou.
Exatamente do jeito que quero ser.
Estou me permitindo viver.

Angela Pradella
11 de agosto de 2019.

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